Israel bombardeia Hezbollah no sul do Líbano e grupo xiita rejeita negociações
O Exército israelense bombardeou o sul do Líbano nesta quinta-feira (6) com o objetivo declarado de impedir o rearmamento do movimento pró-Irã Hezbollah, que defendeu seu "direito" de defesa e rejeitou qualquer diálogo político com Israel.
"As Forças de Defesa de Israel iniciaram uma série de bombardeios contra alvos militares do Hezbollah no sul do Líbano", informou o Exército em um comunicado.
O corpo armado emitiu ordens de retirada em três localidades da região, onde Israel acusou o movimento libanês xiita de retomar suas operações.
A Agência Nacional de Informação (NNA, na sigla em inglês) relatou ataques em Aita al-Jabal, al-Taybeh e Tayr Debba, e informou que drones sobrevoaram Beirute, a capital do país.
O Ministério da Saúde informou, por sua vez, que pelo menos uma pessoa morreu em um bombardeio no sul do Líbano, enquanto o Exército israelense anunciou ter atacado membros da unidade de reconstrução do Hezbollah.
Simultaneamente à guerra de Gaza iniciada em outubro de 2023, o grupo xiita e Israel travaram um conflito que se intensificou em setembro de 2024, no qual o Exército israelense bombardeou centenas de alvos no Líbano e matou, entre outros, o histórico líder do partido, Hassan Nasrallah.
Apesar do cessar-fogo que, em novembro de 2024, encerrou o confronto, os militares israelenses continuam realizando ataques regulares contra redutos do Hezbollah no Líbano e mantêm tropas em cinco pontos no sul do país.
Neste contexto, um enviado dos Estados Unidos pressionou o Líbano no sábado a iniciar negociações diretas com Israel, seu vizinho do sul.
Mas o movimento libanês afirmou ser contra "qualquer negociação política com Israel", país com o qual o Líbano segue tecnicamente em estado de guerra, e estimou que tal negociação não serviria "ao interesse nacional".
Em uma "carta aberta" dirigida ao povo e aos dirigentes libaneses, reafirmou também seu "direito legítimo" de se defender "de um inimigo que impõe a guerra ao nosso país e não cessa suas agressões".
Uma fonte próxima ao Hezbollah indicou à AFP que a "carta aberta" foi divulgada após enviados americanos e egípcios pressionarem as autoridades libanesas a abrir negociações políticas diretas com Israel.
- Desarmar o Hezbollah -
O enviado americano Tom Barrack considerou no sábado em Manama, capital do Bahrein, que o "diálogo com Israel" poderia ser a chave para reduzir as tensões.
Como parte do cessar-fogo, que o Hezbollah diz respeitar, o governo de Beirute ordenou ao Exército que organizasse um plano para desarmar o movimento libanês.
Mas o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, acusou o presidente libanês, Joseph Aoun, de "procrastinar" em relação a esse plano.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, se somou à pressão e acusou o Hezbollah de tentar "rearmar-se" após os danos substanciais sofridos em seu conflito com o Estado de Israel.
O líder do movimento xiita, Naim Qasem, disse no fim de setembro que o grupo rejeita o desarmamento, em uma cerimônia por ocasião do aniversário do assassinato de Nasrallah.
A porta-voz do governo israelense, Sosh Bedrosian, declarou nesta quinta-feira que Israel tomará medidas para garantir o respeito ao cessar-fogo no sul do Líbano.
"Israel continuará defendendo todas as suas fronteiras e seguimos insistindo na plena aplicação do acordo de cessar-fogo. Não permitiremos que o Hezbollah se reconstrua", disse aos jornalistas.
Nesta mesma quinta-feira, o governo libanês deve examinar o avanço de seu esforço para desarmar o movimento, o único que se recusou a entregar as armas após a guerra civil de 1975-1990.
De acordo com este plano, o Exército israelense deve completar, em primeiro lugar, o desarmamento do movimento libanês na parte sul do país antes do fim do ano e, posteriormente, atuar por etapas no restante do território.
O comunicado do Hezbollah denuncia mais uma vez "a precipitada decisão do governo" de desarmá-lo e afirma que Israel "aproveitou" esta decisão "para impor" o desarmamento do grupo xiita em todo o território libanês "como condição para cessar as hostilidades (...), o que é inaceitável".
A.Kim--SG