
França tem novo dia de protestos contra política fiscal do governo

Os sindicatos convocaram uma nova jornada de protestos na França para esta quinta-feira (18), contra as políticas orçamentárias do presidente Emmanuel Macron e os cortes sociais previstos para 2026, em um cenário de crise política.
As autoridades esperam uma grande mobilização com até 900.000 manifestantes nas ruas, cinco vezes mais que os protestos de 10 de setembro e com níveis semelhantes aos protestos contra a reforma da Previdência 2023.
Serviços de trens regionais e transporte público limitados ou paralisados, muitas escolas e a maioria das farmácias fechadas: os efeitos da greve foram sentidos nas primeiras horas do dia.
O ministro do Interior, Bruno Retailleau, anunciou que os 80.000 policiais e gendarmes mobilizados já evitaram "bloqueios" na região de Paris e um ato de "sabotagem" da rede de água potável na ilha caribenha da Martinica.
"A ordem é muito simples: não tolerar nenhum bloqueio (...) Seremos intransigentes", afirmou Retailleau, que previu que entre 5.000 e 8.000 "indivíduos perigosos" poderiam "causar distúrbios" durante as manifestações.
O ex-primeiro-ministro François Bayrou desencadeou os protestos com seu plano orçamentário para 2026, que previa cortes de 44 bilhões de euros (51,9 bilhões de dólares, 276 bilhões de reais) e a eliminação de dois feriados nacionais.
O Parlamento derrubou o governo Bayrou na semana passada e seu sucessor, Sébastien Lecornu, anunciou a elaboração de um novo plano que não incluirá a supressão dos feriados, mas os sindicatos decidiram prosseguir com a mobilização.
"O orçamento será decidido nas ruas", afirmou há alguns dias a líder do sindicato CGT, Sophie Binet.
"É necessário demonstrar força na quinta-feira e depois", acrescentou, dando a entender que os sindicatos devem adotar uma estratégia de mobilização contínua.
Além de exigir a eliminação dos cortes propostos por Bayrou, os sindicatos também pedem a revogação da impopular reforma da Previdência que Macron impôs por decreto, mais justiça fiscal e mais recursos para os serviços públicos.
Segundo uma pesquisa do instituto Elabe publicada na quarta-feira, 56% dos franceses aprovam a mobilização.
Ao mesmo tempo, o primeiro-ministro, em minoria no Parlamento, prossegue com os contatos com os partidos para elaborar um orçamento para 2026 que evite sua queda, como aconteceu com seus dois antecessores.
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A.Byun--SG