
Trump quer plano de paz na Ucrânia após fracasso em garantir cessar-fogo

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, insistiu neste sábado (16) em buscar diretamente um acordo de paz para encerrar a guerra na Ucrânia, após o fracasso em garantir um cessar-fogo imediato durante sua cúpula com o presidente russo, Vladimir Putin.
Após três horas de conversas na sexta-feira no Alasca entre o titular da Casa Branca e o líder do Kremlin, Trump e líderes europeus expressaram seu desejo de uma nova reunião com Putin sobre a Ucrânia, desta vez com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.
"Todos concordaram que a melhor maneira de encerrar a terrível guerra entre Rússia e Ucrânia é chegar diretamente a um acordo de paz, que encerraria a guerra, e não a um simples acordo de cessar-fogo, que muitas vezes não é cumprido", declarou Trump em sua rede Truth Social ao retornar a Washington.
Antes da cúpula, Trump havia alertado sobre "sérias consequências" caso a Rússia não concordasse com um cessar-fogo. Quando questionado sobre isso pela Fox News após a cúpula, Trump disse: "Considerando como as coisas ocorreram hoje, acho que não deveria pensar nisso agora."
Neste sábado, o presidente dos EUA confirmou que receberá Zelensky na segunda-feira e expressou esperança em uma cúpula Trump-Putin-Zelensky.
"Potencialmente, milhões de vidas serão salvas", disse Trump.
Putin reiterou que somente um acordo de paz abrangente poderia deter a guerra, que ele mesmo desencadeou ao ordenar a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022. O conflito já deixou dezenas de milhares de mortos e destruição generalizada.
Na cúpula, Putin voltou a falar em abordar as "causas profundas" do conflito, e alguns analistas observaram que Trump pode ter cedido terreno.
"Diante do que parecem ser evasivas e sermões históricos de Putin, Trump recuou novamente", disse Daniel Fried, ex-embaixador dos EUA na Polônia e atual membro do think tank Atlantic Council.
- Cúpula tripartite -
No avião de volta a Washington, Trump conversou primeiro com Zelensky, informou a Casa Branca.
Posteriormente, com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer; o presidente francês, Emmanuel Macron; o chanceler alemão, Friedrich Merz; o secretário-geral da Otan, Mark Rutte; a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e outros líderes europeus, disseram autoridades.
Uma fonte diplomática em Kiev afirmou que Trump, que se opõe à tentativa da Ucrânia de ingressar na Otan, levantou durante a ligação uma proposta dos Estados Unidos de conceder a Kiev uma garantia de segurança semelhante ao Artigo 5 da aliança, que prevê a defesa mútua entre seus membros em caso de ataque.
Os europeus realizaram suas próprias conversas neste sábado, após as quais disseram estar "dispostos a trabalhar com os presidentes Trump e Zelensky com vistas a uma cúpula tripartite, com o apoio da Europa", mantendo a pressão sobre Moscou.
"Continuaremos reforçando as sanções e medidas econômicas específicas para conter a economia de guerra da Rússia até que uma paz justa e duradoura seja alcançada", declararam.
Macron alertou sobre a "propensão" da Rússia a renegar seus próprios compromissos, enquanto Starmer afirmou que o caminho para a paz na Ucrânia não pode ser decidido sem Zelensky.
- "A próxima vez em Moscou" -
Em uma declaração no Alasca, onde não responderam a perguntas, Trump chamou a cúpula de "muito produtiva" e Putin a chamou de "construtiva".
Trump disse que havia "muitos pontos" acordados, sem especificar quais. "Não há acordo até que haja um", enfatizou.
Putin alertou a Ucrânia e os países europeus para não tentarem interromper o progresso emergente e disse esperar que "o entendimento alcançado abra caminho para a paz".
Quando Trump mencionou um segundo encontro, Putin sorriu e disse em inglês: "A próxima vez em Moscou".
Trump, cujo tom com Zelensky mudou desde que repreendeu o líder ucraniano na Casa Branca em fevereiro, disse à Fox News que "agora depende realmente do presidente Zelensky" chegar a um acordo.
Zelensky, que rejeitou as exigências russas de que a Ucrânia ceda território, não foi convidado para o Alasca.
No entanto, neste sábado, ele declarou seu apoio aos esforços dos Estados Unidos. "É importante que a força dos Estados Unidos influencie o desenvolvimento da situação", afirmou.
- Esperança e desilusão -
Perto do Kremlin, Vitali Romanov, funcionário de um museu, disse que a cúpula gerou "esperança de que a situação melhore".
Mas os ucranianos pareciam desiludidos. "É uma grande vitória diplomática para Putin", disse Pavlo Nebroev, diretor de teatro em Kharkiv.
O conflito mais sangrento na Europa desde a Segunda Guerra Mundial continuou apesar da cúpula. A Rússia anunciou a captura de duas localidades no leste da Ucrânia neste sábado, enquanto Kiev alegou ter repelido um recente avanço russo.
Q.Min--SG