
Fundação humanitária apoiada por EUA diz que 8 membros morreram em ataque do Hamas em Gaza

A Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), apoiada por Estados Unidos e Israel, acusou o movimento islamista Hamas por um ataque contra seus funcionários, que deixou pelo menos oito mortos e vários feridos.
A distribuição de alimentos e produtos de primeira necessidade na Faixa de Gaza está cada vez mais tensa e perigosa, o que aprofunda a crise de fome no território devastado pela guerra e que está sob bloqueio de Israel.
A GHF, uma organização com financiamento opaco e apoiada por Israel, denunciou que um ônibus que transportava mais de 20 membros de sua equipe "foi atacado brutalmente pelo Hamas" durante a noite de quarta-feira.
"Continuamos coletando informações sobre o ataque mortal e injustificado contra membros de nossa equipe local e voluntários. Neste momento, podemos confirmar que há pelo menos oito mortos e vários feridos", afirmou o diretor interino da organização, John Acree, em um comunicado.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel acusou em uma mensagem no X o Hamas de "usar o sofrimento em Gaza como arma, negando alimentos, atacando os socorristas e abandonando seu próprio povo".
Em um e-mail enviado à AFP, a GHF afirma que todos os passageiros do ônibus eram palestinos e colaboradores humanitários.
"Condenamos este ataque atroz e deliberado com a maior firmeza possível", declarou a entidade em seu comunicado.
O Hamas chamou a fundação de "ferramenta asquerosa nas mãos do Exército de ocupação, que é utilizada para atrair civis para armadilhas mortais".
A GHF iniciou suas operações em 26 de maio, depois que Israel impôs mais de dois meses de um bloqueio total à entrada de ajuda em Gaza, o que gerou temores de risco de fome no território.
A ONU e as principais organizações humanitárias se negam a cooperar com GHF, pois questionam seus métodos e sua neutralidade.
No entanto, a primeira semana de suas operações, na qual afirmou ter distribuído mais de sete milhões de pacotes de alimentos, foi marcada por críticas.
Dezenas de palestinos morreram em ataques quando tentavam chegar aos pontos de distribuição de alimentos desde o final de maio, segundo a Defesa Civil de Gaza, território governado pelo Hamas.
A guerra em Gaza começou após o ataque do Hamas em Israel, que provocou a morte de 1.218 pessoas do lado israelense, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais.
Mais de 55.200 palestinos, a maioria civis, morreram na operação militar israelense, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, considerados confiáveis pela ONU.
A Defesa Civil de Gaza relatou que 22 pessoas morreram por disparos israelenses nesta quinta-feira, incluindo 16 que aguardavam para receber ajuda.
- "Morreram esperando" -
Devido à escassez em Gaza, o volume de ajuda que entra no território é insuficiente. Os socorristas de Gaza denunciam que os hospitais estão lotados de pessoas que foram atingidas por ataques quando tentavam receber alimentos.
O hospital Al Awda, no campo de refugiados de Nuseirat, anunciou que quatro pessoas morreram e 100 ficaram feridas em um ataque israelense com drones na manhã desta quinta-feira contra uma aglomeração em um ponto de distribuição de ajuda.
O hospital Al Shifa, na Cidade de Gaza, começou a receber dezenas de vítimas que sofreram ferimentos quando aguardavam por ajuda. Em apenas um dia, mais de 200 pessoas foram atendidas.
"Muitos habitantes de Gaza seguiram para as áreas de Nabulsi e Netzarim para receber ajuda, mas foram atacados a tiros e bombardeados com tanques", relatou Mutaz Harara, diretor da unidade de emergência do Al Shifa.
"Muitos pacientes morreram esperando sua vez" no hospital, que tem poucos suprimentos médicos e não dispõe de sala de cirurgias em funcionamento.
Além da escassez, a Faixa de Gaza está sem serviço de internet e telefonia nesta quinta-feira, segundo a Autoridade Palestina, que atribuiu os problemas a Israel.
"Todos os serviços de internet e telefonia fixa na Faixa de Gaza estão cortados após o ataque contra a última linha principal de fibra óptica que restava em Gaza", afirmou em um comunicado o Ministério das Telecomunicações da Autoridade Palestina, que administra parcialmente a Cisjordânia ocupada, outro território palestino.
O Crescente Vermelho da Palestina afirmou que o corte nas comunicações afeta a capacidade de resposta a emergências, pois impede a comunicação com os socorristas.
M.Joo--SG