
Rússia aguarda resposta de Kiev sobre proposta de novas negociações em Istambul

O Kremlin afirmou nesta quinta-feira (29) que está aguardando a resposta do governo da Ucrânia sobre sua proposta para uma segunda rodada de negociações diretas em Istambul, na próxima segunda-feira (2), onde pretende apresentar suas condições para um acordo de paz.
"Até onde eu sei, ainda não recebemos nenhuma resposta (...). Devemos esperar a resposta da parte ucraniana", disse Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin.
A Ucrânia não descartou a possibilidade da reunião, mas enfatizou na quarta-feira que deseja conhecer antecipadamente o conteúdo do "memorando" russo que supostamente apresentará as condições de Moscou para alcançar um acordo de paz duradouro.
Dmitri Peskov, no entanto, rejeitou a "exigência" de Kiev.
Delegações da Rússia e da Ucrânia se reuniram em 16 de maio em Istambul, o que representou as primeiras negociações de paz diretas entre Kiev e Moscou desde os primeiros meses da guerra, iniciada em fevereiro de 2022 com o ataque russo em larga escala contra o país vizinho.
- Conversa Rubio-Lavrov -
As conversações em Istambul não resultaram em avanços para alcançar a paz, mas os dois lados se comprometeram e cumpriram um acordo para a troca de 1.000 prisioneiros de cada lado, um número sem precedentes desde o início do conflito. A operação foi concluída no fim de semana passado.
As posições oficiais das duas partes parecem quase impossíveis de conciliar: a Rússia exige, em particular, que a Ucrânia renuncie para sempre ao plano de aderir à Otan e ceda as cinco regiões cuja anexação reivindica, o que é inaceitável para as autoridades ucranianas.
O presidente turco Recep Tayyip Erdogan fez um apelo aos dois países para que "não fechem a porta" ao diálogo. Ele disse que mantém contato com as partes e espera a retomada das negociações na segunda-feira na Turquia.
O chefe da diplomacia russa Sergey Lavrov explicou na quarta-feira por telefone ao homólogo americano Marco Rubio que seu país planejava iniciar negociações com os ucranianos na Turquia, segundo Moscou.
Rubio fez um apelo na quarta-feira a Moscou para que se envolva em negociações "de boa-fé" com a Ucrânia, "como única via para acabar com a guerra", declarou a porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce.
O presidente americano Donald Trump, que se aproximou de Moscou para obter o avanço das negociações, adotou nos últimos dias um tom mais duro em relação a seu homólogo russo Vladimir Putin, depois que a Rússia prosseguiu com os bombardeios na Ucrânia.
Trump, no entanto, descartou a imposição de sanções americanas contra Moscou, como pediu Kiev, porque disse que não queria provocar o fracasso de um eventual acordo de paz com este tipo de medida.
- Ao menos cinco civis mortos -
No campo de batalha, os ataques noturnos prosseguem entre os dois lados. O Exército russo afirmou ter interceptado 48 drones ucranianos durante a noite. Segundo o prefeito de Moscou, Serguey Sobyanin, três drones foram derrubados quando seguiam para a capital russa e um deles colidiu contra um edifício em uma avenida no sudoeste da cidade.
A Força Aérea ucraniana afirmou que o país sofreu um ataque de 90 drones e que destruiu 56 aparelhos.
Segundo as autoridades ucranianas, pelo menos cinco civis morreram em ataques russos: dois por drones na região de Kherson, um por um míssil que atingiu uma fazenda na região de Mykolaiv, outro em um ataque de artilharia na região de Donetsk e um homem por um disparo de drone na região de Sumy.
Na linha de frente, o Exército russo, mais numeroso e melhor equipado que o da Ucrânia, prossegue com as ofensivas em algumas áreas, apesar das baixas consideráveis acumuladas desde 2022.
O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que suas tropas tomaram o controle de duas localidades ucranianas na região de Donetsk (leste), epicentro dos combates, além de outra localidade na região de Kharkiv (nordeste).
A.Uhm--SG