
Estado reconhece 'atrocidades' da ditadura contra Dilma Rousseff

O Estado brasileiro admitiu, nesta quinta-feira (22), que a ex-presidente Dilma Rousseff (2011-2016) sofreu "atrocidades" durante a ditadura militar, no poder no país entre 1964 e 1985, e pediu desculpas a ela, reconhecida como "anistiada política".
Dilma fez parte da resistência contra o governo militar. Em 1970, aos 22 anos, foi condenada à prisão e depois torturada por pertencer a um grupo armado clandestino.
"Esta comissão, pelos poderes que lhe são conferidos, lhe declara anistiada política brasileira. E em nome do Estado brasileiro, lhe pede desculpas por todas as atrocidades que o Estado ditatorial causou à senhora, à sua família", afirmou a presidente da Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos, Ana Maria Lima de Oliveira, durante uma sessão em Brasília.
A ex-presidente solicitava este reconhecimento desde 2002. Em 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022), a Comissão de Anistia rejeitou seu pedido, mas Dilma apelou dessa decisão.
A entidade deu razão a ela em segunda instância e lhe concedeu uma indenização de 100 mil reais.
Em 2011, Dilma se tornou a primeira mulher a assumir a Presidência, e foi eleita para um segundo mandato que acabou em 2016 com seu impeachment, acusada de maquiar as contas públicas, em um processo muito controverso no Congresso.
Bolsonaro, então deputado federal, dedicou seu voto a favor de destituir Dilma à memória de um de seus torturadores.
Ao contrário de países vizinhos, o Brasil nunca julgou os agentes do Estado acusados de cometer crimes durante a ditadura, invocando a Lei de Anistia de 1979.
Em 2014, a Comissão da Verdade investigou o período e determinou que a ditadura foi responsável por 434 assassinatos e desaparecimentos, além de centenas de detenções arbitrárias e torturas.
Economista de formação, Dilma Rousseff, de 77 anos, preside desde março de 2023 o Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS (NDB), com sede central em Xangai.
L.Shin--SG