
Polícia liberta reféns em prisões da Guatemala

As autoridades guatemaltecas libertaram na segunda-feira (25) reféns que estavam sob poder de gangues em duas prisões, incluindo uma para menores de idade, em rebeliões atribuídas a represálias pela transferência de líderes de grupos criminosos para uma penitenciária de segurança máxima.
O governo realocou em 30 de julho 10 líderes presos das gangues Barrio 18 e Mara Salvatrucha para a penitenciária Renovación I, no sul do país, onde estão isolados e sem acesso a telefones celulares.
Desde então, motins foram registrados em cinco prisões, onde prisioneiros membros de gangues tomaram guardas como reféns, que posteriormente foram libertados. Em meados de agosto, um vigilante morreu na prisão El Boquerón (sudeste) durante uma das revoltas.
O secretário de Bem-Estar Social da Presidência, Marvin Rabanales, disse à imprensa que a polícia libertou à força três reféns do Centro Especializado de Reinserção Juvenil na Cidade da Guatemala após o fracasso da "negociação" com os membros das gangues.
Os reféns libertados são funcionários que entregavam alimentos no centro de detenção e ficaram feridos no confronto. Os três foram levados para hospitais.
A rebelião foi iniciada por 34 membros adultos da Mara Salvatrucha que permanecem no centro de detenção para menores de idade - a lei estabelece que os menores devem cumprir toda a sentença no local em que foram detidos, mesmo que atinjam a maioridade (18 anos).
Os 34 foram levados na segunda-feira para tribunais e enfrentarão acusações pela rebelião.
"Queriam negociar que seus líderes saíssem de Renovación I, mas nós não negociamos com criminosos", afirmou no X o ministro do Interior, Francisco Jiménez.
A outra rebelião aconteceu na prisão para adultos 'El Boquerón', onde os detentos tomaram dois funcionários da penitenciária como reféns.
O Ministério do Interior anunciou que, após várias horas, os reféns "foram libertados", sem informar a quantidade de pessoas sequestradas ou se foi necessário o uso da força para a libertação.
O presidente Bernardo Arévalo disse durante a manhã que "motins surgiram a partir da decisão" de transferir os líderes das gangues.
"Todos os privilégios foram retirados", indicou o mandatário, justificando a decisão e afirmando que se busca evitar que os líderes das gangues continuem "coordenando" atividades criminosas a partir da prisão.
As gangues Barrio 18 e Mara Salvatrucha - esta última declarada organização terrorista pelos Estados Unidos - disputam o controle de territórios na Guatemala, com a extorsão de comerciantes, transportadores e outros cidadãos. Aqueles que se recusam a pagar são assassinados.
As gangues também operam em Honduras, enquanto em El Salvador o governo do presidente Nayib Bukele determinou a detenção, desde março de 2022, de dezenas de milhares de supostos membros de gangues, amparado por um regime de exceção criticado por grupos de direitos humanos, que denunciam uma série de detenções arbitrárias.
J.Gong--SG