
França condena três pessoas por tráfico de humanos nos vinhedos de Champanhe

Um tribunal francês condenou, nesta segunda-feira (21), uma empresária e outras duas pessoas a penas de prisão por tráfico de seres humanos na indústria do champanhe, por explorar trabalhadores temporários e alojá-los em condições precárias durante a vindima - colheita de uvas - de 2023.
A decisão ocorre em meio à controvérsia na região vinícola de Champanhe, no nordeste da França, onde se investiga o emprego de ucranianos durante a mesma vindima de 2023, marcada por um calor excepcional e pela morte de quatro trabalhadores.
O advogado das vítimas - 50 imigrantes, em sua maioria sem documentos, provenientes de Mali, Mauritânia, Costa do Marfim e Senegal - celebrou uma decisão "histórica".
O tribunal da cidade de Chalons-en-Champagne condenou uma mulher oriunda do Quirguistão, com cerca de quarenta anos, diretora de uma empresa de serviços para a viticultura chamada Anavim, a dois anos de prisão, além de outros dois anos com sursis.
A mulher negou ser responsável pelas condições de alojamento e culpou os outros dois acusados suspeitos de recrutar os vindimadores.
O tribunal condenou as outras duas pessoas, ambos homens com cerca de trinta anos, a um ano de prisão, além de dois e um ano sob pena suspensa. Os três condenados deverão, além disso, pagar 4 mil euros (cerca de 26 mil reais) a cada vítima.
Os três foram declarados culpados de tráfico de seres humanos, definido na legislação francesa como "recrutar, transportar, transferir, alojar ou acolher uma pessoa para explorá-la" mediante emprego coercitivo, abusando de uma posição de autoridade, abusando de uma situação de vulnerabilidade ou em troca de pagamento ou benefícios.
Cerca de 120 mil trabalhadores temporários são contratados todos os anos para vindimar manualmente as 34 mil hectares da região de Champanhe, onde é produzido o emblemático vinho espumante.
Em 2023, quatro vindimadores morreram, possivelmente devido a insolação após trabalharem sob um calor abrasador.
T.Jeon--SG