
Se eleito papa, filipino poderia impulsionar vocações sacerdotais na Ásia

Um cardeal filipino está entre os favoritos para suceder Francisco como o novo papa, já que a Igreja no país mais católico da Ásia enfrenta um declínio nas vocações sacerdotais.
"De acordo com as estatísticas que temos (...), cada padre atende cerca de 9.000 católicos", disse John Alfred Rabena, reitor do Seminário Central da Universidade de Santo Tomás, o mais antigo das Filipinas, esta semana.
É uma situação que causa "esgotamento" no clero, declarou à AFP durante uma visita à sede do seminário no campus da Universidade de Santo Tomás.
O cardeal filipino Luis Antonio Tagle é um dos favoritos para se tornar papa, e outro filipino, o cardeal Pablo Virgilio David, surgiu como candidato de última hora.
Embora alertados contra fazer campanha por seus compatriotas, os padres filipinos disseram à AFP que acreditam que um papa de seu país poderia inspirar um aumento nas vocações.
O padre Robert Reyes, um conhecido ativista, afirmou que alertou sobre a situação quando era diretor de vocações da Conferência dos Bispos Católicos das Filipinas (COCF), de 1987 a 1998.
"Eu já avisei aos bispos que havia sinais evidentes de declínio nas vocações, e quantos anos se passaram?", questionou.
A COCF diz que não mantém números, mas a igreja filipina estabeleceu o primeiro Mês Nacional de Conscientização Vocacional em novembro para "atender à necessidade crítica de mais padres no país".
- Confiança quebrada -
O padre Jerome Secillano, porta-voz da COCF, reconhece que não há segredo sobre essa necessidade. Ele citou os escândalos de abuso sexual que abalaram a igreja global no início dos anos 2000.
"Foi quando as matrículas no seminário começaram a cair. Ainda estamos sentindo o impacto", disse ele.
Secillano acredita que a ascensão de um papa filipino traria uma explosão de alegria e orgulho, embora duvide que seja suficiente.
"Não sei se um papa filipino restaurará imediatamente a confiança quebrada", admitiu.
Outros disseram à AFP que há outros fatores no declínio vocacional, como mudanças culturais que dificultam o alcance aos jovens do país.
"Também ocorre porque os jovens estão muito expostos ao mundo secular, com viagens, internet e as redes sociais", explicou Reyes.
O seminarista Neil Pena, de 27 anos, disse à AFP que acredita que um possível papa filipino fortalecerá inegavelmente a fé entre seus compatriotas.
"Um papa que fala filipino, em filipino simples, como se estivesse falando diretamente com você (...) será uma inspiração", afirmou.
Rabena, o chanceler do seminário, lembrou que sua decisão de se juntar ao clero foi motivada pela visita do papa Francisco às Filipinas em 2015.
Arvin Eballo, professor de teologia na Universidade de Santo Tomás, observou que houve um tempo em que quase todas as famílias aspiravam ter um filho que fosse padre.
"Elas acreditavam que era uma bênção de Deus", disse ele.
X.Eom--SG